30 agosto 2006

Internacional

InternacionalA palavra não é nossa. Nunca o foi e duvido que o seja na minha existência. Não a vejo parir nesta terra. Há nela um voo sem rosto. Uma diabrura que fura o mais elementar dos egos.
Escutá-la da tua boca foi a mais desajustada tormenta que senti. O abalo levou-me para o tempo onde quase me afogou o verbo amar. Senti-me descer sem asas. Andei e sinto que ainda ano por lá.
Porém, hoje sair é mais fácil. Penetrei durante muito tempo no mar sem ondas. Acreditei que a nortada vinha sempre sem aviso.
Na minha infância houve sempre um farol dentro de mim. Só mais tarde, muito mais tarde, soube anotar que um olhar só apresenta relevo quando feito pela acalmia da erosão dos dias corridos.
É também neste tempo que recrio o teu quadro onde a palavra liberdade é muito mais que o valor da reciprocidade. Dizer-te que isto só me dói porque eu já lhe toquei e soube-me tão pouco comparado com a frescura deslumbrada do acordar.