11 setembro 2006

Andante

AndanteVoltei ao tempo do cabelo ao vento. Aos dias onde o corpo se despe e se entrega em libertação.
Os primeiros passos foram dados em marcha lenta. O chão não era desconhecido mas olhei-o, desta vez, sem palavra.
O silêncio, quase a trote, era interrompido pela falta de resistência. Não forcei porque o passado ajudou-me a moderar a batida cardíaca. Como fui feliz. Como sou feliz. Zarpar naquela terra desnivelada foi recuar aos pedaços da minha infância. Foi por lá que construí o meu castelo de cartas. Naquele tempo nunca vislumbrei areia porque tudo em mim era força. Não quero recuperá-la porque o tempo é um relógio que não pára.
Por momentos fui o cavaleiro andante de alguém que um dia acreditou em mim. Segui sempre sem parar porque parar, neste quadro, é desfalecer.
Neste regresso ainda não senti o fim e porque ainda não o senti já valeu a pena o risco. Vou lá voltar mais não seja pela falta da gazua que rasga o monte que tem o nome de Deus.

01 setembro 2006

Fragrância

Fragrância
Tudo que me rodeia é de uma fragrância extraordinária. O cheiro tem tempero.
As árvores despedem-se agora da robustez de um chão forte.
Viver por cá faz-me bem. Sempre fez. É uma mãe pátria que custa a vergar ao tempo moderno.
É nesta resistência que cozinho a minha metamorfose. Renovo-me à mercê do tempo porque é neste tempo que atinjo o meu estado maior.
Nos longos anos que possuo já pisei palcos diferentes. Todos me ajudaram a crescer mais mas nenhum ostenta o poder de me fazer despir o meu fato de gala.